Ela fez brotar alegria num canto qualquer da sala. Fez festa bonita com seus discos antigos, entre eles Mutantes, Bethânia e Hendrix. Fez do sofá o palco e cantou pra tirar sorriso da Mariana, o que demorou um tanto, porque a pequena acabara de se ferir, caindo da bicicleta.
Mais tarde, distribui sorrisos a toda vizinhança, compartilhou sonhos com a menina da esquina. Fez uma máscara da mulher maravilha com um papelão (até que ficou bem ajeitada, mesmo não possuindo grandes habilidades com as mãos). Fez batuque com a tampa da panela e pintou a cara de batom.
Depois pescou boas lembranças enquanto preparava o jantar. Chegou-se até ela uma música que a avó materna costumava cantar quando menina. Bons tempos são aqueles que vivem se repetindo dentro da gente. Pois é, tempo bom e que não morre nunca.
Então sorriu ao ver que o pai ainda se entretinha com o Chaves. Glorificou o santíssimo por saber a família ali, sempre por perto. Mariana brincando no tapete da sala, a mãe fazendo crochê. E as mãos amigas, sempre estendidas na hora certa, mesmo que de longe.
Pensou nas possibilidades que tinha pela frente. Pensou nos sins e seus sabores.
E achou que sua vida, assim olhando, parecia até samba bonito composto pelas mãos de Cartola.
Cris Carvalho do blog Chão de Estrelas, 16/02/2010
Seção de Achados e Perdidos
Ai meu Deus! Isto mesmo: é bonita!
ResponderExcluirAmo vir aqui.
ResponderExcluirSaudades desse chão de estrelas.
Beijos, Cris. **