2.7.11

de tudo, eu faço riso


Não, minha gente, não pense que minha vida é assim tão perfeita. Eu também tenho dor de barriga, já peguei bicho de pé. Já tomei um porre e fui parar no hospital por causa disso. Já caí de bicicleta, já pulei a janela pra fugir do castigo. Já briguei por coisas fúteis, me interessei por coisas mais fúteis ainda. Já amei e não fui amada, já me amaram e eu não correspondi. Me arrependi, voltei atrás várias vezes. Levei 300 tombos, me levantei mais mil pra cair de novo. Já perdi as asas, já deixei de acreditar em mundos invisíveis, principalmente aquele que mora aqui dentro.

Já ouvi vários nãos, insisti muitas vezes pra que eles virassem sins. Perdi prova na faculdade pra ficar jogando truco num barzinho. Já fui multada por ter estacionado em lugar proibido. Já acumulei sonhos, desfiz uns punhados. Desfiei saudades, empilhei memórias, chorei até os olhos pedirem pra parar. Tropecei em absurdos, engoli angústias, remoí histórias que não deram pra apagar. Afoguei mágoas no colo de amigos, discuti com gente babaca e sem opinião. Descartei um tanto de pessoas que só me faziam mal, me sugavam e me davam em troca energia ruim. Mudei de opinião uma porção de vezes.

Estendi a mão e fui puxada pra lama. Caí de cara na rejeição. Acreditei e quebrei não só a cara, como também meus sonhos. Montei um rosário de desilusões amorosas. Fui traída, agredida, humilhada. Usaram palavras terríveis contra mim. Mentiram, me enganaram, me invejaram. Me disseram pra eu esquecer, pra eu desistir. Me disseram que eu era fraca e que eu nunca chegaria lá. Passei por crises de silêncios. Me tranquei no quarto, durante dias, não querendo ver ninguém. Já chorei na frente dos outros e virei motivo de piada por causa disso.  

 Já caí tombos em frente de gente que me importa, já falei muito não. Já falei português errado na frente de professores. Já esqueci o nome de velhos conhecidos, já conversei com uma pessoa pensando que era outra. Já dei susto na pessoa errada, já me confundiram com uma mulher da vida por causa dos meus trajes nada decentes. Já tive crise de risos num encontro romântico. Já troquei o nome de um namorado por outro de um ex. Já cai em trotes, pegadinhas, ganhei vários troféus abacaxi. Já entrei em sala de cinema errada, tendo um monte de gente conhecida pra me tirar o sarro depois.

Mas no meio de tanto desencontro, de tanto erro, de tanta decepção e falta de estímulo, eu sigo acreditando, carregando a bandeira da auto-estima hasteada no peito. Eu me amo, eu me acalmo, me coloco no colo, me dou conselhos. Porque é só assim, com esse sentimento recíproco e verdadeiro, que minha vida segue em frente. Porque o que eu queria dizer com tudo isso, minha gente, é que a minha vida não é um mar de rosas não, minha vida é imperfeita, assim, igualzinha a de vocês.  Só tento, da melhor forma possível, seguir com um pouco de bom-humor e doses homeopáticas de paciência. Sigo amando, respeitando, caindo, levantando e tentando, todo-dia, a formúla do ser feliz pra sempre. 

Porque eu faço de tudo, um motivo pro riso.

3 comentários:

  1. Bom ver a vida assim ,com clareza e alegria.Porque ela(a vida),por si só ja carrega sozinha tudo que precisamos e conseguimos suportar.
    Beijo no coração.

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  2. Não podemos perder o sorriso, a esperança de viver e acreditar nas decisões que tomamos.
    Esse é o gosto verdadeiro da existência. E da resistência também.
    Beijos.

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  3. E nós somos perfeitos dentro de nossa imperfeição.

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'Que seja doce o que vier. Pra você, pra mim.'