25.2.12

chá de sumiço


Numa noite em que as fadas sairam de férias e que, a solidão e a tristeza pesavam mais do que chumbo, a menina decidiu tomar um chá de sumiço. Desligou o telefone e a campainha da porta de entrada. Vestiu as meias listradas que ganhou de presente e que eram mágicas, deitou-se na cama com um livro em mãos e sonhou.

Sonhou com um mundo distante, onde não havia mágoas nem dores, nem solidão medonha. Só que do mundo de lá, ela não queria mais voltar, porque o de cá tinha monstros que atacavam no meio da noite e que roubavam tudo dela, até a serenidade.

E, no silêncio da noite, ela esculpiu rostos de pessoas que ela gostaria que estivessem ali, naquele momento, e brincou de tecer fantasias sem ter que desmoroná-las no dia seguinte. E foi tecendo com linhas todas coloridas até terminar num lindo cobertor gigante. Que a aqueceu durante a madrugada fria e a cobriu de sonhos.

De sonhos puros e claros, como aquele mundo pra onde ela fugia, quando o daqui pesava demais.


pelas mãos de Pipa-Cris

2 comentários:

  1. É assim que eu faço também.
    Fujo para um mundo melhor do que esse, e vou ser feliz lá.

    Lindo seu blog.

    Beijo

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  2. Ao ler seu texto, foi impossível não me lembrar do universo de Sandman, criado por Neil Gaiman.

    Muito bom, alás, o seu texto.

    Abraço.

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'Que seja doce o que vier. Pra você, pra mim.'