6.3.12

o que vive dentro não morre


Depois de se banhar no reino das águas claras, a menina se lembrou daquele bosque onde passeava quando criança. Se lembrou das vezes que fugia pra lá quando as coisas pesavam demais.

Era dar-se por falta de Ana, que Ana estava no bosque com seu vestido estampado, pipoca na mão. Ela gostava de olhar e ver. Olhar gente animada. Olhar bicho passando. Olhar as flores e os passarinhos. Olhar as folhas caídas. Olhar as crianças brincando.

Olhar, olhar e olhar. Que alegria era aquilo! Ela queria guardar tudo com ela. Levar o mundo no bolso.

Depois de se lembrar de tudo isso, os apertos esmiuçaram, o semblante amanheceu e a menina se fez forte. Tornou-se um pouco mais feliz ao mudar o trajeto do trabalho pra casa, que passava pelo bosque, que não era mais bosque, mas vivia dentro dela.

Uma alegria acendeu os olhos de Ana quando ela se deu conta que, dentro do coração, tudo continuava igual. Porque o que vive dentro não morre.


Cris Carvalho

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'Que seja doce o que vier. Pra você, pra mim.'