26.3.12

uma dose de esperança


Toda dor evapora um dia - pensou a menina lá com seus botões. Queria engolir a pressa e viver um dia de cada vez. Infinitamente calma. Mas o tic-tac do relógio era impassível, e devolvia o medo a ela. Medo de não conseguir escapar das garras dos ressentimentos. Medo de estar para sempre presa num passado sujo. Medo de não sentir. Ou se doer, mais do que havia se doído esses anos todos.

A menina queria preencher os dias com diversão. Queria que as portas se abrissem a ela como num passe de mágica. Queria mais sim do que não. Queria um amontoado de emoções bem clarinhas. Queria pingos nos is. Passado limpo. E perdão para todos os lados.

Não aguentava mais carregar nas costas o peso do mundo. E chorava muitas vezes por não ser gigante. Chorava por não saber o que fazer com o medo. Chorava por ter sido ela mesma, ter enfrentado terremotos, cobras e leões e não ter ganhado nada com isso, nem consideração.

Mas a menina sabia que tudo isso estava prestes a acabar. Ela sentia, no fundo do fundo do peito, que o céu estava mais próximo que o chão. Que suas asas não demorariam a aparecer novamente. E com a ajuda do seu pó mágico, a menina se defenderá com todo artifício de carinho, com dispara-sorrisos e um escudo de proteção contra pessoas, línguas e dentes.

Um dia ainda, ela põe um ponto final na dor. E estará anos luz à frente de quem só a trapaceou, de quem só desejou o mal.

Revestida de todo tipo de coragem, completamente serena, a menina flutuará entre o aqui e o agora, ensinando toda essa gente a minimizar dores, dissipar maus pensamentos e passados insossos, tudo isso com uma cartilha de amor.

Uma dose de esperança é o que tem pra hoje!


Cris Carvalho

3 comentários:

  1. Parece que o texto hoje foi escrito pra mim Cris!
    Ando precisando tanto, tanto de esperança...

    Que sua semana seja doce e leve *-*

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  2. Cris, amei a postagem. Lindo lindo!!

    Um beijo e boa semana!!

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  3. É sempre bom vir aqui pra ler suas palavras. Infelizmente minha rotina anda me impedindo de acompanhá-las devidamente, mas farei de tudo para vir aqui e saborear a poesia (eu? vendo poesia?) dos seus verbos.

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'Que seja doce o que vier. Pra você, pra mim.'