meu mundo e o da Rita

No meu mundo não tem dor. No meu mundo não cabe a palavra não. No meu mundo a tristeza não entra e o amor tá sempre de mãos dadas com a ternura. No meu mundo não há tempo pra se perder com bobagens nem com ressentimentos. No meu mundo só existe cores clarinhas. No meu mundo as noites são forradas de estrelas. E os casais aproveitam o momento pra trocar juras de amor, enquanto as crianças brincam de pique-esconde e ficam acordadas só pra ver a lua.

No meu mundo os amigos nunca se perdem. No meu mundo esperteza é nome de raposa. E Deus é uma coisa que mora dentro da gente e faz a gente sorrir à toa. No meu mundo os caminhos só têm um rumo, o do sol. E sonhos florescem dentro dos travesseiros. No meu mundo há um São Jorge para cada dragão. No meu mundo o coração pesa mais na balança. No meu mundo não se paga imposto por sonhar coloridices.

No meu mundo a fé é escudo e o mal não passa nem perto. No meu mundo todas as histórias têm um happy end. No meu mundo as crianças andam em pé de igualdade com os adultos. E os adultos brincam sem medo de serem passados por tolos. No meu mundo não há pressa e abraços são presentes que se dão aos amigos. No meu mundo toda gente ri do dinheiro e as arcas que o guardavam são, agora, depósito de doces, como sonhou um dia Drummond.
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Porque, um dia, dona Rita Apoena me falou que era pra eu acreditar num mundo bonito, mesmo que esse mundo existisse só dentro de mim. Acredito desde então, porque essa dona moça entende das coisas.

por Cris Carvalho